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37 Articles

Sabor,.CLUB o manifesto: • Nós comemos • Nós bebemos • Nós cozinhamos • Nós viajamos (para comer) • Nós conversamos (também sobre comida) • Nós acreditamos que comer é uma das grandes maravilhas da vida – e viva a boa mesa! SE TEM UMA COISA BOA que os novos tempos nos trarão é a certeza de que, de vez em quando, precisamos parar, olhar para dentro e refletir. Afinal, é essa reflexão e a coragem de encontrar deficiências, para resolvê-las que realmente nos fará ir para frente – o que, sabemos, é muito diferente de seguir em frente. Da sua casa, em São Paulo, a mestre Ana Soares, que sempre nos ensina tanto e nos contagia com a sua leveza e alegria, faz questão de abordar este aspecto assim que pega o telefone para nos atender.…

“Sua exuberância e otimismo são infecciosos”

“Sua exuberância e otimismo são infecciosos”. A frase da apresentadora Martha Stewart sobre o trabalho de Ellen Marie Bennett, a cozinheira que virou a estilista e revolucionou o universo das roupas de cozinha mundo afora, é tão precisa como significativa, no momento em que Ellen apresenta suas armas no combate à epidemia que tomou de assalto o planeta. De fato, o slogan da companhia milionária nunca fez tanto sentido: “Wake up and fight”. Segundo a criadora, na verdade, sua vida ganhou novo rumo. “Eu sinto literalmente que agora estou acordando e lutando por nossas vidas todos os dias”, afirma Ellen, em pausa na tarefa de desenhar as máscaras de proteção de algodão reforçado que hoje movimentam as instalações de Hedley & Bennett, sua fábrica de 1,5 mil metros quadrados em…

“Sua exuberância e otimismo são infecciosos”

Máscaras e comida

Entre as muitas parcerias feitas pela Hedley & Bennett para a doação de máscaras destacam-se ações com a World Central Kitchen, organização não governamental fundada em 2010 pelo famoso chef José Andrés, espanhol radicado nos EUA. Dedicada a prover refeições a necessitados em períodos de catástrofes, a WCK está no auge de suas atividades, envolvendo inúmeros chefs e ativando restaurantes que mantém suas equipes trabalhando para o projeto. São 200 mil refeições servidas por dia em mais de 25 cidades na América do Norte e Espanha, com a intenção de estender à América do Sul.…

Máscaras e comida

“Leite da moça”

1 O leite condensado industrializado surgiu em 1856, quando o americano Gail Borden tentava desidratar o leite de vaca e percebeu que, antes de virar pó, o produto se tornava um creme delicioso. 2 Quatro anos depois, a receita se tornou famosa durante a Guerra Civil Americana, quando o produto passou a ser transportado pelas tropas e se tornou conhecido por todo o país. 3 Em 1857, surgiu a primeira indústria de produção do leite condensado, a Anglo Swiss Condensed Milk, na Suíça. A partir dali, o produto estourou por toda a Europa. 4 Não demorou muito para a Nestlé fundir-se com outra marca suíça e passar a produzir o leite condensado. 5 Na época, o leite condensado mais popular da Suíça era o La Laitiére, que significa “vendedora de…

“Leite da moça”

Pizza com borogodó

Borogodó, diz o Aurélio, é um “atrativo pessoal irresistível”. Na verdade, algo inexplicável que certas pessoas têm que as fazem sedutoramente especiais. Cheias de bossa. Esta é a primeira avaliação que fazemos quando abrimos quatro sabores das redondas que a Vitória Calmon faz no QT Pizza Bar, casa recém aberta na Paulicéia, com uma proposta das mais ousadas, na capital da pizza, abaixo no Equador. Seria possível usar uma vera base napolitana, como se faz no sul da Bota, e colocar, por exemplo, creme de abobrinha sobre ela? Para isso, foi preciso ousar ainda mais. E buscar uma jovem talentosa no Rio, aquele balneário onde se come ultrajantes fatias de pizza com... catchup!!! A história de Vitória Calmon começa nos batizados e casamentos para os quais fazia bolos. Isso, nos…

Pizza com borogodó

Pipoca rouba a cena

Como a sobremesa é parruda, recomenda-se pedir uma só, para compartilhar. E, assim que ela vai para o centro da mesa, o pessoal avança direto nela. Come e adora. Depois prova o resto. Também gosta, mas volta para a pipoca. O segredo está na crocância com o toque salgado do caramelo. Oi? A pitada de sal, convenhamos, não é novidade. A mistura com pipoca tão pouco. Mas é incrível como ainda surpreende. “Quando era criança minha mãe fazia aquela com Nescau, acho que essa é a versão atualizada. Simples e feita com carinho. Fica boa mesmo”, diverte-se cozinheira. Especialmente para Sabor.club, Vitória fez um lote que está na surprise box do Clube Sabor.club, o 1º clube de descobertas gastronômicas do Brasil, deste mês.…

Pipoca rouba a cena

As escolhas do editor

Breve história da gastronomia francesa Béatrix de l’Aulnoit e Philippe Alexandre (Tinta Negra), R$ 90 De Carême à nouvelle cuisine, a trajetória da mais festejada gastronomia do mundo está aqui,, recheada de curiosidades, casos, fofocas e intrigas. Além de informativa e realmente educadora, a obra é bem divertida de ler, dessas que a gente começa e não consegue parar até chegar ao fim. O vinho mais caro da história Benjamin Wallace (Ed. Zahar), R$ 70 “Fraude e mistério no mundo dos bilionários”, diz o subtítulo. Bem, a partir daqui, prepare-se para ser envolvido numa trama das mais intrigantes, que envolve um Château Lafite 1787, vendido num leilão da Christie’s, em Londres. A história ventila a possibilidade da garrafa ter pertencido a Thomas Jefferson e, a partir daí, revela personagens excêntricos…

As escolhas do editor

“AZEITEMO-NOS”. É A PROPOSTA QUE MARCELO SCOFANO DEIXA como frase em seu perfil no WhatsApp, e a gente começa a entender essa paixão assim que resolve chamar para um bate-papo o ex-comissário de bordo que se apaixonou pela gastronomia em vôos da requintada (e saudosa) Varig, na virada do século, formou-se cozinheiro e aterrissou de corpo e alma nos olivais, tornando-se um dos maiores especialistas brasileiro em azeites. E ele vem com notícias boas. “A novidade das duas últimas décadas é que o azeite passou a ser elaborado, isso significa um cultivo que leva em conta as variedades de azeitona, seu grau de maturação e as característica dos territórios. Nos oito mil anos desde o primeiro registro de extração de azeite, em nenhum momento da história experimentamos a variedade sensorial…

Marcelo não aquece nunca o azeite que vai aromatizar, apenas as especiarias, a seco, para soltarem seu perfume antes da simples infusão. A dica do especialista é aromatizar o óleo sempre no dia em que vai usá-lo, e na quantidade certa, garantindo o frescor e evitando a oxidação. No caso de especiarias como cravo, canela, pimentas secas ou cardamomo, a infusão exige de três a quatro horas para pegar o sabor. Com alecrim, manjericão ou raspas de frutas cítricas, deve-se apenas amassá-los e derramar por cima o azeite. Uma hora depois já se pode desfrutar.…

Saladas – Azeites mais frutados e maduros, que equilibram amargo e picante, ressaltam o sabor das folhas e do tomate. Como os brasileiros da variedade arbequina. Sobremesas – Aqui vale o contraste. Azeites picantes e intensos vão com doces. No preparo de bolos e pudins, pode ser uma arbequina brasileira. Ou salada de fruta com hojiblanca verde. O mesmo vale para o chocolate amargo, com um toque de flor de sal.. Maionese – Quando o ingrediente está no prato, notas amargas não são desejadas. Os tradicionais são boas pedidas, mais doces e suaves. As variedades arbequina e arbosana costumam produzir bons azeites no estilo. Carnes vermelhas – As carnes vermelhas, a exemplo dos alimentos mais condimentados, ou as folhas amargas, tendem a ganhar notas adocicadas com azeites que trazem amargor…

Azeite tem caráter

Frutado e fresco Arbequina Originária da Catalunha, tem caráter frutado e fresco, com notas de alcachofra e tomate. Traz sabores picantes quando é colhida verde e doce no caso das maduras. Picante a adstringente Arbosana Espanhola que produz óleo verde de forte caráter, com aromas que remetem a tomate fresco, chá e ervas. Com níveis altos de picância e adstringência, harmoniza com sabores fortes à mesa. Frutado e aromático Frantoio – Italiana da Toscana, é geralmente colhida na metade da maturação, gerando azeite frutado e aromático, equilibrando picância e amargor. Na colheita tardia é adocicado, com notas amendoadas. Herbal Hojiblanca – Muito encontrada na Andaluzia, produz óleos de alto teor nutritivo. Possui extensa paleta de sabores com notas doces, aromas de ervas frescas, toque de picância e amêndoas. Herbal com…

Azeite tem caráter

AQUELE CAIPIRA DO VALE DO PARAÍBA NÃO entendia a pressa de seus colegas de estágio no Mugaritz, para sair correndo do templo da gastronomia de vanguarda no País Basco, no campo, para o agito da cidade. Ele aproveitava as folgas para visitar vizinhos como o Luis, um senhor que plantava maçãs e fazia sidra. Tudo era cultivado, colhido e pescado perto da cozinha, algo fascinante. “Quando trabalhei com a carne do porco criado solto, livre para fuçar e comer de forma natural, fiquei chocado com a diferença de qualidade” “A experiência no universo rural europeu foi transformadora, sendo eu uma criatura do campo”, afirma Rafa Cardoso, ou melhor, Rafa Bocaina, que não tinha na época a noção de estar plantando uma semente que brotaria em verdadeira revolução baseada no resgate…

O guardião do milho vermelho

Mandioca como símbolo máximo do ingrediente brasileiro? Não é bem assim, afirma o Rafa, lembrando que no interior e estrela é o milho, que veio do México há 4 mil anos, entrando pelo Acre e cultivado pelos índios guaranis antes de se espalhar. Na Bocaina, Rafa é uma espécie de guardião do milho vermelho, variedade crioula que alimentava os carunchos em outros tempos. O vegetal foi ressuscitado pelo produtor Patrick Assunção, da Fazenda Nova Coruputuba, em Pindamonhangaba, que lhe confiou sementes. “Não é apenas uma história bonita resgatar esse milho ancestral. Ele é muito mais saboroso e rico em amido, o angu é mais cremoso”.…

O guardião do milho vermelho

Banha, alheira, codeguim...

Rafa produz uma gama extensa de produtos na Salumeria Curiango, sua marca de charcutaria. Recentemente, ele abriu entregas diretas pelo telefone para São Paulo, e está feliz com o resultado. “As vendas cresceram, há uma onda de solidariedade em relação aos pequenos produtores que me emociona.” E oferece delícias como banha, alheira, codeguim, guanciale, lardo, lombinho, chouriço, pancetta, rillette, e sobraçada, além do notável embutido de cabeça. Nele, a cabeça é dessossada e limpa, depois curada com especiarias e cozida em formato de salsicha no termocirculador, incluindo em cada fatia carnes como as de língua e bochecha. Pedidos por WhatsApp, tel.: (12) 99789-6494.…

Banha, alheira, codeguim...

“O meu frango caipira”

“Sabe aquela pergunta da comida que eu levaria para uma ilha deserta? É o frango caipira, que já era feito pela minha avó à moda dos Moreiras, família antiga da região. O frango criado solto é dourado na banha, sem tempero, e vai naquele modo do pinga-e-frita até pegar cor, então entra cebola, o sal com alho e o urucum”, ensina. Pé de porco com grão de bico (5 porções) INGREDIENTES 2 kg de pé de porco serrado 500 g de grão de bico 4 cenouras 6 dentes de alho 2 cebolas 1 lata de tomate pelado Sal a gosto Pimenta do reino a gosto 1 pitada de cominho 1 folha de louro 6 cravos da índia PREPARO Demolhe o grão de bico por 12 horas Ferva o pé de…

“O meu frango caipira”

Frutas assadas em especiarias

Creme de mascarpone Aprenda para não esquecer nunca mais! Bata 50 ml de creme de leite fresco em ponto de chantili. Acrescente 100 g de mascarpone e misture com um fuet até incorporar bem. Simples assim! INGREDIENTES 1 nectarina 1 ameixa 2 figos 8 morangos 1 pedaço de canela em pau 3 cravos 2 folhas de louro 2 anises-estrelados 1 fava de baunilha Suco e raspas de 3 laranjas 50 g de mel 50 g de açúcar mascavo ½ col. de chá de pimenta-do-reino 10 g de manteiga 1 Numa vasilha, misture o mel, o açúcar, as raspas e o suco das laranjas, a canela, os cravos, o louro, a pimenta e os anises 2 Abra a fava da baunilha ao meio e raspe as sementes (com as costas de…

Frutas assadas em especiarias

O branco e o foco

À primeira vista, a gente identifica um cozinha rústica, meio country, meio vintage, e, sem dúvida, bem aconchegante. O adjetivo que quase não é aplicado a ela é... moderna! Mas pode um projeto ser atual, com tantas características antiguinhas? Sim, pode. Por causa da combinação dos elementos e de um toque muito especial: a aplicação das cores, criando pontos focais. 1 É difícil superar o branco, quando precisamos de uma base neutra, num projeto estético. E aqui ele cai bem que é uma beleza. Mas repare: não há apenas um tom de branco. Ele varia de acordo com a textura das superfícies. 2 Ainda sobre cores e tons, os condutores do projeto, o prata das peças em metal cria um degrau que se destaca do fundo, pero no mucho. A…

O branco e o foco

Calor por igual

Quando a gente olha para o interior de um restaurante de alta gastronomia, vemos lá um monte de panelas de cobre, em todas as formas e tamanhos. As menorzinhas, não raro, vão à mesa, no salão – o que é o maior charme. Mas porque, afinal, esses os cozinheiros basicamente usam panelas de cobre? Claro, elas são lindas, mas não é esse o motivo. Excelente condutor de calor, o material aquece rápido mas retém a caloria, liberando-a gradativamente. E isso é ótimo para cozinhar, uma vez que temperatura distribuída por igual significa um cozimento igualmente equilibrado. Sim, as panelas de ferro também têm características semelhantes, nas não esquentam tão ligeiro. E, muitas vezes, precisamos de cocções rápidas mesmo. Como no preparo de molhos. Não é à toa que, mesmo quem…

Calor por igual

O doce mineiro e o tacho de cobre

Goiabada cascão, doce de leite, doce de figo, doce de abóbora e por aí vai. Todos eles têm algo em comum, além de serem doces típicos da tradição mineira. Só ficam bons mesmo, se forem feitos do tacho de cobre, garantem as doceiras. Então vem a polêmica: desde 2007, a Anvisa proibiu o uso da panela, alegando que o metal vai parar na comida – e que faz muito mal à saúde. Na verdade, o que contamina os alimentos é um tipo de oxidação esverdeada chamada azinhavre. Ela, no entanto, é inteiramente retirada dos tachos, quando lavados com uma solução de limão, sal e sabão em barra. Toda doceira sabe disto. Faz parte da tradição. Dizem elas, quando é sugerido o uso do aço inox, que este metal, além de…

O doce mineiro e o tacho de cobre

A alegria de comer em casa

“EU ANDO MEIO REFLEXIVA”, me diz a Ana nos primeiros minutinhos da nossa conversa pelo telefone. E olha que, para uma pessoa que está sempre antenada com o mundo e pensando sobre o que capta, a declaração não é pouca coisa. Ela, naturalmente, está refletindo sobre os rumos do planeta, num movimento que vai ao passado, vem ao presente e segue para o futuro.Com pouco mais de 60 anos e presa em casa, diz ela, seguindo as orientações para se proteger do mal que abate o planeta, Ana já nos deu tanto ao formatar muito do que comemos, a partir da personalidade que deu para cada restaurante criado com a sua assinatura, que o meus ouvidos plugados em fones parecem ficar ainda mais ligados. O que ela diz vem em…

A alegria de comer em casa

A Mesa III acaba de lançar seu e-commerce, com entregas para toda a cidade de São Paulo em até 1h. Na loja virtual (loja.mesa3.com.br), a gente encontra produtos renovados diariamente, dentre massas recheadas e de fio, molhos, antepastos, quiches, tortas e sobremesas. Na estreia do serviço, o cardápio disponível é uma seleção dos favoritos da Mesa III: clássicos da casa para finalizar em casa, como agnolotti de Burrata, o ravioli-Plin de zucca e o cappelle de vitela e amêndoas, que podem ser acompanhados por molhos como o delicado de tomates - basta aquecer e servir. Os itens também estão à disposição para take away diretamente na rotisseria, que suspendeu o funcionamento do Mesa III Café por tempo indeterminado. A Loja de Fábrica também faz delivery, com pedidos pelo telefone. Tels.:…

Numa panela só

Cozido de linguiça, batata doce e feijão branco Aqueça o forno a 230 C. Misture as batatas, a cebola, o alho, o sal, a pimenta e o azeite em uma assadeira grande Arrume em uma única camada e coloque a linguiça em cima Asse em forno a 230º C por 20 minutos. Retire e misture o caldo, a acelga, o feijão e o vinagre Asse mais 10 minutos ou até que a lingüiça esteja dourada e as batatas estejam macias Enquanto isso, corte a baquete em fatias e passe manteiga nelas Coloque as fatias sobre a assadeira e toste durante os últimos 8 minutos de cozimento Frango à fiorentina Tempere os peitos de frango com sal e pimenta a gosto. Numa panela grande, aqueça 2 colheres de sopa de manteiga…

A arte é o alimento da alma

AO OLHAR PELA FACHADA EM DIREÇÃO À lâmina d’água logo se vê uma das famosas aranhas da mundialmente famosa Louise Bourgeois. Desviando um pouco o olhar para outra posição vê-se um dos móbiles de Alexander Calder. Mais adiante, sobre uma leve colina, está uma instalação de ninguém menos que Frank Owen Gehry. E, no meio de algumas árvores, a curiosa e reflexiva instalação do brasileiro Tunga. Assim é o caminho de quem percorre o os campos do Château La Coste, na comuna de Le Puy-Sainte-Réparad, não muito distante de Aix-en-Provence. A vinícola tem cerca de 200 hectares de terras onde não só produz belos vinhos mas abriga duas dezenas de obras e instalações magníficas, sem contar as exposições temporárias em seus pavilhões. O museu-vinícola, espécie de irmão francês do nosso…

A arte é o alimento da alma

O nariz da cachaça

ARMANDO DEL BIANCO NÃO TEM PROBLEMAS em contar que usou chupeta até os cinco anos de idade, mas faz a ressalva: não ficava com ela na boca. Tinha a mania curiosa de passar o objeto nas coisas para cheirá-lo, conhecendo o mundo pelo olfato. Muito mais tarde, de vez em quando, visitava com os pais cachaçarias de amigos, descobrindo aromas que lhe agradavam nos alambiques. As linhas do destino não estavam traçadas nas mãos, mas no nariz do master blender mineiro cuja história inclui aulas em Cognac, treinamento com chineses milionários e a consagração na pequena Turvolândia (MG), reconhecido como o maior especialista brasileiro na arte do blend: mistura de cachaças de diferentes idades e barris de madeiras distintas, com resultados laureados de sabor e harmonia. “O primeiro blend brasileiro…

O nariz da cachaça

Fazer um blend, diz o mestre, é como escalar um time de craques Para criar um blend, diz Armando, o Master Blender pode passar mais de uma semana no alambique, dependendo do número de barris. Porque o máximo de amostras que o profissional consegue provar sem perder o paladar são 30 por dia. Nessas, com a técnica de descartar o líquido, ingere-se apenas o equivalente a uma dose e meia. “O processo é como na seleção brasileira, você convoca os 24 e escolhe os 11 que vão jogar”, brinca.…

Sangria de maçã

Diz o ditado americano: “An apple a day keeps the doctor away”. E como a-palavra-do-povo-é-a-voz-de-Deus não cabe duvidar. Para variar, não faz mal a ninguém colocar a fruta na jarra, numa bebida intensa porém refrescante, perfeita para dias com temperaturas amenas. Melhor ainda quando as maçãs estão fresquíssimas. A turma do campo anda atarefada. Em fevereiro e março, os agricultores chegam a ficar 10 horas por dias na lida, seis dias por semana, para tirar todas as Galas do pé. Em abril, é época das Fujis. Vale, alias, citar todo o processo. Depois da colheita as frutas vão para tanques (com fluxo de água como um rio) para serem lavadas e, depois de selecionadas manualmente, vão para câmaras frigoríficas, apenas para mantê-las firmes, sem resfriar ou congelar. De volta à…

Sangria de maçã

Até R$ 50 SÉRIES BY SALTON BRUT Salton, Serra Gaúcha, Brasil Espumante branco brut elaborado pelo método Charmat longo a partir de uvas Ugni Blanc e Prosecco. Frutado, cremoso e fácil de beber, tem gostosa acidez e final com toques salinos e cítricos. Aqui menos é mais. Ideal como aperitivo, para acompanhar entradas leves ou saladas verdes. R$ 29 | Álcool 11,5% I HEART CABERNET SAUVIGNON I Heart Wines, Castilla La Mancha, Espanha Sem passagem por madeira. Direto e fácil de gostar e de entender, mostra profusão de frutas negras maduras acompanhadas de notas florais, de ervas e de especiarias. De boa tipicidade, tem acidez refrescante, taninos macios e final com toques de ameixas. R$ 45 | Álcool 12% | Cantu CASA VALDUGA ORIGEM CABERNET SAUVIGNON 2018 Casa Valduga, Vale…

Quando falamos em Alemanha, logo vêm à cabeça as cervejas claras e leves, lagers que fizeram a fama da escola germânica, ou então a famosa weizenbier. Mas há muitos outros sabores, e bela paleta de cores a se descobrir e provar, numa goleada de sabores Hacker Pschorr Anno 1417 Hacker Pschorr (GER) Para os fãs das lagers claras, vale conhecer essa rara representante do estilo kellerbier, cervejas que eram servidas direto dos barris, sem filtragem e turvas. As sensações de pão e fermento são amplificadas e ganham complexidade, com leves notas picantes e cítricas de lúpulos nobres. (5,5% ABV) Weltenburger Kloster Barock Dunkel Grupo Petrópolis (RJ) Produzida pelo Grupo Petrópolis, na Serra Fluminense, sob a supervisão da cervejaria alemã de abadia Weltenburger, essa dunkel tem cor marrom e traz notas…

Dona Benta faz 80 anos

“Numa casinha branca, lá no Sítio do Picapau Amarelo, mora uma velha de mais de 60 anos. Chama-se Dona Benta. Quem passa pela estrada e a vê na varanda, de cestinha de costura ao colo e óculos de ouro na ponta do nariz, segue seu caminho pensando: – Que tristeza viver assim tão sozinha neste deserto… Mas engana-se. Dona Benta é a mais feliz das vovós, porque vive em companhia da mais encantadora das netas – Lúcia, a menina do narizinho arrebitado, ou Narizinho, como todos dizem. O nacionalista Monteiro Lobato via com desgosto pratos daqui ganhando nomes e até técnicas francesas. Resolveu lançar um livro definitivo com receitas do país inteiro Narizinho tem 7 anos, é morena como jambo, gosta muito de pipoca e já sabe fazer uns bolinhos…

Dona Benta faz 80 anos

Lobato e as formigas

A revelação surge em carta, para o escritor mineiro Godofredo Rangel: “Não és capaz, nunca, de adivinhar o que estou comendo. Estou comendo... Tenho vergonha de dizer. Estou comendo um companheiro daquilo que alimentava S. João no deserto: içá torrado! Sabe, Rangel, que o içá torrado é o que no Olimpo grego tinha o nome de ambrosia? Está diante de mim uma latinha de içás torrados que me mandam de Taubaté. Nós, taubateanos, somos comedores de içás”, referindo-se às saúvas caçadas no verão quando saem em revoada. Para Lobato, içá era o caviar do Vale do Paraíba, que ele degustava devagar enquanto escrevia.…

Lobato e as formigas

Charcuterie é coisa nossa

PARA FAZER BOA CHARCUTARIA É PRECISO pesquisar, testar e viajar sempre. É um lema do charcuteiro Bernardo Criscuolo, postado na internet no início do ano, após voltar do Reino Unido com novas ideias de embutidos, patês e peças inteiras de carne defumadas. Sem sair da cozinha, ele também vai longe, visitando o Norte da África em linguiça repleta de especiarias, ou sugerindo a Itália num embutido calabrês com vinho tinto. Dali ao Nordeste brasileiro é um pulo, em linguiça cobiçada de carne de sol. O começo de tudo? Paris, França (o país é a capital mundial da charcuterie, bien sur). “Me aproximei à francesa da charcutaria. Estudava Letras em Paris quando os patês, terrines e defumados me encantaram”, diz Bernardo. Ele é criador da À Table Charcutaria, hoje em sociedade…

Charcuterie é coisa nossa

Aranha do Brasil

Oswaldo Aranha foi parar na capa principal revista dos EUA, depois de dar um show de diplomacia (e educação) ao presidir a conferência sul-americana que aprovou o rompimento de relações com o Eixo (Alemanha, Itália e Japão), em 1942. Mais tarde presidiu a sessão da ONU na qual se definiu a criação do Estado de Israel e foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz. Para a turma da boa mesa, no entanto, o bisavô da chef Bel Coelho (Isabel Coelho Aranha) é o gênio por trás da criação do filé que leva o seu nome. A história é curiosa. O restaurante A Minhota ficava na rua São José, 72, no centro do Rio. Era um dos mais elegantes da então Capital federal, o primeiro do Brasil a ter ar-condicionado. Aranha,…

Aranha do Brasil

Filé Oswaldo Aranha

(1 porção) INGREDIENTES 310 g de filé mignon (2 medalhões) 150 g de farinha de mandioca 50 g de bacon cortado em cubinhos 100 g de alho em lâminas Azeite a gosto para a farofa Óleo de soja para fitar 2 batatas Asterix médias PREPARO [farofa] Numa frigideira grande, frite o bacon até dourar com aproximadamente 2 colheres de sopa de azeite Acrescente a farinha, toste bem e acerte o sal. Reserve [alho frito] Numa panela pequena e funda, aqueça óleo de soja, suficiente para uma fritura por imersão Mergulhe o alho em lâminas no óleo não muito quente e mexa sempre até dourar levemente Escorra em papel absorvente e reserve [batatas portuguesa] Cozinhe as batatas, com a casca, até ficarem al dente Descasque-as e corte em rodelas de 0,5…

Han Solo vai ao forno

O Império Contra-Ataca é, sem dúvida, o filme mais sombrio da trilogia inicial, criada pelo George Lucas. E a cena na qual Han Solo é congelado numa forma de carbonita nos dá aquele frio na espinha. É antológica. Tanto que a Le Creuset, fábrica francesa referência mundial em panelas de ferro esmaltadas, fez questão de reproduzir com fidelidade não só o aspecto, mas a matéria prima citada no filme. A assadeira é feita em carbonita, pesa 6,5 kg, e trabalha com perfeição. O material (esmaltado para a comida não grudar nele) tem grande capacidade de reter o calor. Uma vez com a tampa fechada, o ambiente de cocção criado dentro dela produz assados inigualáveis (com o tempo, a gente vai aprendendo a usar). A Han Solo Roaster foi lançada em…

Han Solo vai ao forno

Daniel Sahagoff é um craque na restauração paulistana, sujeito por trás de grandes sucessos como o Kaa e o Cantaloup. Recentemente, ele abriu o Loup, inovando com um raw bar incrível e, bem ao seu estilo, um cardápio criativo que trabalha uma linha fusion, tão difícil de fazer. Não raro, como se diz, o fusion vira confusion. O que não é o caso da gastronomia pensada pelo Daniel com um time de respeito, que inclui os chefs Thiago Cerqueira e Dorival Ribas e o chef pâtissier Arnor Porto. Juntos, eles dão vida à pratos dos mais interessantes que, além de leitura moderna, são executados com primor. Entre eles, vale citar o camarão grelhado com emulsão de bisque, o cupim com purê de cará, a paleta de cordeiro com cogumelos e…

Frutas assadas em especiarias Sauterne Fruit beer Salada Niçoise Sauvignon Blanc Lager Crocantes de presunto com salmorejo de laranja Chardonnay Witbier Salada de cogumelo Paris Espumate rosé Pilsen Pé de porco com grão de bico Tinto do Douro Sour Cozido de linguiça, batata doce e feijão branco Cabernet Sauvignon IPA Frango à fiorentina Sangiovese Pilsen Linguiça, repolho roxo e maçã Riesling Sour Filé com vagem, ervilha e molho de mostarda Malbec Amber lager Shakshuka verde Espumante brut Weiss Filé Oswaldo Aranha Bordeaux Red Ale…

Surprise box #33

• O Clube SABOR.club é mais uma iniciativa da Revista Sabor.club, para contribuir com o desenvolvimento da gastronomia no Brasil. • Além de informar, a plataforma Sabor.club tem a missão de descobrir novos nomes do nosso cenário gastronômico em toda a sua cadeia produtiva. E também de ajudar a fomentá-la, para a concretização de um cenário sólido, com itens de qualidade, do produtor ao prato. • Com uma equipe qualificada e absolutamente independente de repórteres e especialistas, apuramos e degustamos dezenas de produtos todos os meses. Desses, selecionamos aqueles que mais chamam a nossa atenção para, por meio do Clube Sabor.club, compartilhar com você essa experiência. • O custo da assinatura mensal é de R$ 150,00 + frete. Para saber mais e assinar o Clube Sabor.club acesse: www.clubesabor.club. Sabor.club…

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